Botafogo dominou o Tricolor, mas não conseguiu converter em gols as chances criadas.
Encarar um rival tricampeão de Libertadores e não confirmar a vitória esperada pela altíssima produção ofensiva em um jogo dentro de casa não é nada bom. Principalmente se do outro lado houver qualidade e o mando de campo favorável no segundo jogo. Esse é o balanço do Botafogo depois do empate sem gols com o São Paulo dentro do estádio Nilton Santos.
O resultado não é anormal para o tamanho das camisas e a capacidade de enfrentamento dos dois times. Mas se tornou um grande negócio para o Tricolor, que foi amassado na 1ª etapa, conseguiu reagir em um período do 2º tempo, e vai decidir a vaga na semifinal diante de seu torcedor na próxima quarta-feira.
O jogo
Praticamente só um time jogou no 1º tempo. O Botafogo dominou inteiramente o São Paulo antes do intervalo, criou chances, meteu bolas na trave e não sofreu uma finalização sequer em sua meta. Poderia ter tranquilamente alcançado uma diferença de dois gols no placar. Faltou pontaria e uma dose de sorte. Sobrou imposição física, verticalidade, e qualidade nas tramas ofensivas.
A ideia inicial era bem nítida por parte do alvinegro: jogar de forma direta. Não foram poucos os passes longos a partir dos pés dos zagueiros ou de Gregore para Igor Jesus escorar ou raspar. Como o Botafogo tinha mais jogadores no setor de meio-campo, fruto da flutuação de Luiz Henrique e Almada dos lados para o centro e da linha defensiva de cinco homens do São Paulo, a bola era dos cariocas.
Neste segundo momento, as acelerações, quase todas voltadas para terminar as jogadas pelos flancos, encontravam sem maiores problemas Vitinho e Alex Telles em progressão. Se a primeira chance do Botafogo foi criada pela esquerda, foi no setor de Vitinho que a produtividade foi maior. Welington sofreu para brecar o ex-lateral do Burnley.
A sorte do São Paulo esteve na má pontaria dos atacantes do Botafogo. Chutes de Igor Jesus, Savarino, Almada e Luiz Henrique acertaram a trave ou passaram muito perto dela. Arboleda, Sabino e Alan Franco se desdobravam para cortar aquilo que era possível, e até conseguiram conter danos maiores.
A marcação tricolor não encaixou. Lucas, Calleri e William ficaram muito distantes de Luiz Gustavo e Bobadilla no momento defensivo. Esvaziaram o setor de meio-campo. Marlon Freitas e Gregore aproveitaram a liberdade.
Não havia também auxílio aos alas. A proposta de Zubeldia era que Lucas e William não voltassem pelos flancos para dobrar a marcação com Rafinha e Welington, algo que normalmente se faz na variação do 3-4-2-1 para o 5-4-1. A missão deles pareceu ser auxiliar Calleri no primeiro combate central, a zagueiros e volantes alvinegros, mas nem isso conseguiram fazer.
Com a bola, o jogo do time paulista foi nulo. Acabou engolido pelas subidas de marcação dos cariocas. Forçou ligações diretas para Calleri, mas sem sucesso na vitória dos duelos por parte do atacante, e tão pouco aproximação de Lucas e William. Bastos e Barboza se impuseram sem dificuldades.
Sem fazer substituições, Zubeldia mexeu na estrutura tática da equipe no 2º tempo. Fixou Alan Franco como lateral-direito e adiantou Rafinha para a linha do meio-campo. William passou a atuar mais na ponta-esquerda também. A partir daí começou a auxiliar Welington defensivamente. O time ocupou melhor os espaços na parte defensiva, mas isso não foi o suficiente para brecar o Botafogo.
Em dez minutos o Glorioso já tinha chegado com perigo em três ocasiões. O problema da pontaria, porém, persistia. Zubeldia colocou Wellington Rato em campo, um jogador mais habituado a executar a função que Rafinha passou a fazer depois do intervalo. Depois sacou Alan Franco, Lucas e William. Ferraresi, Luciano e Michel Araujo entraram.
O time melhorou. Saiu do sufoco que passava e começou a reter a bola no campo de ataque. Subir a marcação. Assustou John em duas finalizações da entrada da área. Calleri perdeu grande chance em cruzamento de Michel Araújo na sequência. No Botafogo, Alex Telles e Luiz Henrique cederam lugar a Marçal e Tiquinho. Savarino foi jogar pelo lado direito.
O Glorioso ainda retomou a pressão do 1º tempo nos últimos minutos do jogo, mas não foi suficiente para sair de campo vencedor. Precisará fazer aquilo que só fez uma vez na condição de visitante nesta Libertadores. Vencer fora de casa. Isso se quiser se classificar sem a necessidade dos pênaltis. Já o São Paulo venceu três dos quatro jogos como mandante no torneio.
Comments